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POSTADO EM 25/07/2024 - 09h55

IPA orienta produtores de mudas nativas da região de Joanópolis

IPA orienta produtores de mudas nativas da região de Joanópolis

O encontro aconteceu na sede do viveiro “Da Serra Ambiental”, no município paulista de Joanópolis, reuniu especialistas para discutir os desafios e as oportunidades no setor, incluindo três palestrantes do IPA, e teve a participação de viveiristas da região. As atividades foram focadas no diagnóstico e no fortalecimento da produção de mudas nativas no estado, proporcionando uma oportunidade para a troca de conhecimentos e práticas que contribuem para a conservação da biodiversidade. O evento reuniu mais de 150 inscritos.

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Além de debater a atual situação da produção de mudas de espécies nativas, identificar dificuldades e lacunas na cadeia de produção, o Workshop teve como objetivo orientar políticas públicas e ações no âmbito do Programa Refloresta SP, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do estado de São Paulo. O Programa apoia e fomenta a mudança e uso do solo com foco em áreas de pastagens de baixa aptidão agrícola, promovendo ganhos ambientais e econômicos. A meta é atingir 1,5 milhões de hectares de áreas restauradas até o ano 2050. “Dentre os objetivos do programa estão a restauração ecológica, a recuperação de áreas degradadas, a implantação de florestas multifuncionais e de sistemas agroflorestais e silvipastoris”, comenta Luiz Mauro Barbosa, pesquisador científico do IPA e um dos palestrantes do evento. “Com esse projeto já em andamento, deve-se aumentar significativamente a demanda por mudas de espécies nativas”.

No contexto da mitigação de mudanças climáticas, projetos de crédito de carbono frequentemente envolvem o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas, podendo impulsionar a demanda para os viveiros. “Grandes empresas estão vindo de outras regiões do Brasil comprar mudas, contratar trabalho aqui. Isso favorece os pequenos produtores”, relata Márcia Regina Ângelo, técnica de apoio à pesquisa científica e diretora do Centro de Difusão e Divulgação do Conhecimento do IPA. Nos debates realizados no workshop, constatou-se que, atualmente, os viveiros de mudas nativas, especialmente aqueles que já possuem boa tecnologia de produção, como os que usam tubetes e paper-pots, estão sendo procurados para atuar em um novo nicho de mercado: plantios para sequestro de carbono em outras regiões do país. Este mercado tem oferecido boas condições de negócio e segurança para os viveiristas.

Em termos de financiamento e investimento, fundos oriundos desses projetos podem ser utilizados pelos viveiros para expandir suas operações, melhorar a qualidade das mudas e aumentar a diversidade de espécies ofertadas. Ao associar o valor econômico ao plantio de espécies nativas através dos créditos de carbono, os viveiros podem estimular mais empreendedores a investir na produção de mudas nativas. Isso ajuda na conservação da biodiversidade local e pode atrair mais investidores interessados em sustentabilidade. O pesquisador do IPA entende ainda que governos que apoiam o mercado de créditos de carbono podem criar políticas e subsídios para incentivar o uso de espécies nativas em projetos de sequestro de carbono. Isso pode ainda incluir incentivos financeiros diretos para viveiros ou viveiristas que produzem essas mudas.

Os especialistas presentes no evento destacaram a importância de políticas públicas eficazes, a necessidade de suporte integral aos viveiristas e a aplicação de um questionário específico para coletar informações diretamente dos produtores da região. A ideia é estimular os viveiros a integrarem um cadastro mantido pelo IPA e que vem sendo disponibilizado a todos com informações sobre produções de mudas e espécies nativas para o estado de São Paulo. No evento, foi realizada a orientação para preenchimento do questionário, que será analisado amplamente, juntando todos os viveiros do estado de São Paulo, oferecendo parâmetros que orientem o diagnóstico. Essas informações são essenciais para a elaboração de estratégias que visam fortalecer a cadeia produtiva e promover a conservação das espécies nativas.

Em palestra sobre como o fortalecimento da biodiversidade contribui produção de sementes e mudas nativas, Renato Lorza, da Fundação Florestal, apresentou o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem), instituído em 2003 pelo então Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e que é obrigatório para qualquer pessoa física ou jurídica que produza, beneficie, armazene, analise, transporte, importe, exporte, comercialize ou use sementes e mudas no Brasil. Isso inclui viveiristas, produtores, distribuidores e comerciantes. Cada viveiro deve ter o seu próprio registro, pois o controle de qualidade e a rastreabilidade das mudas são específicos para cada unidade de produção. Essa exigência de registro individual assegura que todas as unidades de produção estejam em conformidade com os regulamentos técnicos e fitossanitários estabelecidos pelo Ministério, garantindo a qualidade e a segurança das mudas comercializadas. O registro inclui informações sobre a origem das sementes e mudas, os métodos de produção e o controle de qualidade.

“As novas perspectivas para produção de mudas no estado foram amplamente discutidas no evento porque novos fatos, como a a mitigação das mudanças climáticas, o crédito de carbono, captura e armazenamento, ou ainda o aumento da demanda de mudas, estão evidentes. Com isso, foi possível chamar a atenção no sentido de estimular os viveiristas a produzirem mudas”, conclui Luiz Mauro.

Entre os palestrantes do evento estava Fernando Cirilo de Lima, do IPA, além daqueles já mencionados e de outros parceiros. O encontro foi coordenado pela equipe do Instituto e Pedro Matarazzo, da Associação Nativas Brasil. Confira aqui como foi a programação do evento.

No dia 19 de julho, os representantes do IPA visitaram dois viveiros na região de Campinas: Viveiro Tarumã e Jaguatibaia Associação de Proteção Ambiental, para diagnóstico da produção de mudas e cadastro. Essas visitas são fundamentais tanto para conhecimento do setor e levantamento de informações quanto para nortear as orientações aos viveiristas.

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